نبذة مختصرة : Esta dissertação de mestrado procura compreender como é que ocorre a construção identitária de mulheres trans que exercem trabalho sexual. Para isso procurou-se perceber de que forma ocorre a construção identitária de mulheres trans que exercem ou exerceram trabalho sexual, como é que esta construção identitária é percecionada e vivenciada pelas participantes e de que forma é que o trabalho sexual contribui para a construção de identidades trans. Para concretizar estes objetivos, realizaram-se cinco entrevistas semiestruturadas, a pessoas que se identificaram como mulheres trans e que realizem ou tenham realizado trabalho sexual em Portugal. Procedeu-se à análise dos dados, seguindo as orientações de Virginia Braun e Victoria Clarke (2006, 2013, 2018), partindo de um paradigma construcionista, transfeminista e interseccional. Isto implica que perspetivamos a identidade como construída socialmente, e autodeterminada, e as pessoas que exercem trabalho sexual como portadoras de agência. Da análise dos dados recolhidos emergiram três temas, "a imagem corporal", "ser-se trans: conceções transfóbicas e multiplicar de opressões" e "construir-se no contexto do trabalho sexual". Estes três temas organizam-se em torno dos desafios de se ser trans e trabalhadora do sexo. Entre as principais conclusões desta investigação destaca-se o corpo como afirmação identitária, os percursos marcados pela transfobia e cissexismo em diferentes medidas, variabilidade de motivações para a entrada no trabalho sexual e a forma como o atual quadro legislativo, acerca do trabalho sexual, coloca estas pessoas em situações precárias face a crises como a pandemia COVID-19. Com esta dissertação procuramos desconstruir a associação das transexualidades ao exercício de trabalho sexual. Considerando que o trabalho sexual é apenas uma escolha possível e legítima para quem o escolhe. Conscientes de que vivemos numa sociedade transfóbica e que não reconhece o trabalho sexual como uma atividade laboral, procuramos explicitar a importância de uma transformação social. Quando se é trans e trabalhador/a do sexo, é-se colocado numa situação de maior vulnerabilidade. Vulnerabilidades essas que, também, advém do atual quadro legislativo referente ao trabalho sexual.
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