نبذة مختصرة : Aumento de doenças crônicas não-transmissíveis (DCNT), nas sociedades modernas industrializadas, está vinculado ao aumento do consumo de alimentos ultraprocessados, com altas quantidades de gorduras, sal e açúcar. Uma estratégia preventiva baseia-se em informar a presença e as quantidades desses componentes aos consumidores através de rótulos nutricionais em forma de semáforo. Desta forma, esta tese foi composta por três estudos com o objetivo de avaliar a efetividade do semáforo nutricional na seleção de alimentos mais saudáveis e na modulação da reatividade cerebral às imagens de alimentos ultraprocessados, de modo a fornecer dados teóricos e empíricos que possam embasar as estratégias de combate às DCNTs por setores da saúde pública. No primeiro estudo, uma ampla amostra de estudantes universitários classificaram imagens de produtos ultraprocessados, juntamente com imagens de outras categorias emocionais retiradas de um catálogo internacional, nas dimensões de valência hedônica e ativação emocional. Essas duas dimensões foram combinadas e transformadas em um vetor, cuja magnitude indica o impulso apetitivo. Ademais, os produtos ultraprocessados foram classificados de acordo com o guia técnico de perfil nutricional do Food Standards Agency (FSA). No segundo estudo, realizamos uma revisão sistemática para determinar a eficácia dos semáforos nutricionais em promover avaliações mais acuradas quanto à salubridade e escolhas mais saudáveis de alimento, em relação a rótulos monocromáticos. Para tal, executamos buscas eletrônicas em três bases de dados e após a exclusão das duplicatas e dos estudos que não se enquadravam nos critérios de seleção, 11 estudos foram incluídos nesta revisão. No terceiro estudo, quatorze estudantes (mulheres) visualizaram passivamente imagens de produtos ultraprocessados precedidos por círculos vermelhos, amarelos e verdes, sendo estes previamente associados com alto, médio e baixo risco de desenvolver DCNTs, respectivamente. O potencial positivo tardio (LPP) foi analisado a partir do registro dos dados eletroencefalográficos, utilizando a técnica de potenciais relacionados a eventos. Adicionalmente, as participantes preencheram escalas de sensação de fome e do índice de má qualidade da dieta (IMQD). Os resultados do primeiro estudo mostraram que as imagens dos produtos ultraprocessados foram classificadas como altamente agradáveis, evocando fortes impulsos apetitivos. Houve uma correlação positiva entre o impulso apetitivo e o escore FSA, que reflete a qualidade nutricional dos produtos. No segundo estudo, apesar das cores do semáforo aumentarem as escolhas mais saudáveis e as acurácias das avaliações de salubridade em alguns trabalhos, a maioria dos estudos não verificou diferenças entre rótulos em forma de semáforos e monocromáticos. As lacunas na literatura identificaram a necessidade de estudos que controlem variáveis, como características físicas dos rótulos e familiaridade com os mesmos, e estudos que explorem populações mais diversas. No terceiro estudo, observamos que a amplitude média da LPP para as imagens de produtos ultraprocessados não diferiu de acordo com as cores do semáforo nutricional. No entanto, o IMQD se correlacionou positivamente com a amplitude da LPP para alimentos ultraprocessados precedidos por semáforos verdes. Além disso, participantes que relataram maior variação de fome apresentaram maior LPP para produtos ultraprocessados precedidos por semáforos verdes, com efeito marginal para o amarelo. Em conjunto, os resultados sugerem que produtos ultraprocessados evocam fortes reações emocionais que estão associadas com altas concentrações de componentes insalubres possivelmente aditivos, como açúcares, gorduras e sal. Apesar da alta atratividade dos produtos ultraprocessados, as cores do semáforo nutricional parecem ser capazes de promover escolhas mais saudáveis de alimento e modular a reatividade emocional frente estes produtos. O semáforo vermelho parece ter sobrepujado a influência da fome sobre a reatividade emocional de produtos ultraprocessados, demonstrando a importância da sua implementação. No entanto, o semáforo nutricional pode não ser corretamente interpretado, sendo necessária uma familiaridade e associação das cores com os riscos à saúde. Além disso, caso o semáforo verde seja interpretado como um marcador de salubridade, é possível que o mesmo incentive o consumo de alimentos insalubres, principalmente em indivíduos com pior qualidade da dieta, uma vez que em muitas culturas a cor verde está associada a permissão para ir. Portanto, futuros estudos devem investigar possíveis impactos negativos do semáforo nutricional verde sobre os consumidores, além de analisar o efeito isolado de outras características deste rótulo (e.g. tamanho e presença de textos descritivos), deste modo, setores da saúde pública poderão implementar o rótulo nutricional mais apropriado para combater o avanço das DCNTs.
نبذة مختصرة : The increase in non-communicable chronic diseases (NCDs) in modern industrialized societies is linked to increased consumption of ultra-processed foods with high amounts of fats, salt and sugar. A preventive strategy is based on informing consumers of the presence and quantities of these components through nutritional labels in the form of traffic-lights. Thus, this thesis was composed by three studies with the objective of evaluating the effectiveness of the nutrition traffic-light in the selection of healthier foods, and in the modulation of cerebral reactivity to images of ultra-processed foods, in order to provide theoretical and empirical data that could support the strategies for combating NCDs by public health sectors. In the first study, a large sample of university students classified images of ultra-processed products, along with images of other emotional categories taken from an international catalog, in the dimensions of hedonic valence and arousal. These two dimensions were combined and transformed into a vector whose magnitude indicates the appetitive drive. In addition, the ultra-processed products were classified according to the Food Standards Agency (FSA) nutrient profiling system. In the second study, we performed a systematic review to determine the efficacy of nutrition traffic-lights in promoting more accurate assessments of healthiness and healthier food choices over monochromatic labels. To do this, we performed electronic searches in three databases and after excluding duplicates and studies that did not fit the selection criteria, 11 studies were included in this review. In the third study, fourteen students (women) passively visualized images of ultra-processed products preceded by red, yellow and green circles, previously associated with high, medium and low risk of developing NCDs, respectively. The late positive potential (LPP) was analyzed from the electroencephalographic data record, using the technique of event related potentials. Additionally, the participants filled out hunger sensation scales and poor diet quality index (PDQI). The results of the first study showed that the images of the ultraprocessed products were classified as highly pleasant, evoking strong appetitive drives. There was a positive correlation between the appetite drive and the FSA score, which reflects the nutritional quality of the products. In the second study, although traffic-light colors increased healthier choices and health accuracy evaluations in some studies, most studies did not find differences between traffic-light and monochrome labels. The gaps in the literature identified a need for studies that control variables, such as physical characteristics of labels and familiarity and for studies that explore more diverse populations. In the third study, we observed that the mean amplitude of LPP for the images of ultra-processed products did not differ according to the colours of the nutrition traffic-light. However, the PDQI correlated positively with the amplitude of LPP for ultra-processed foods preceded by green trafficlights. In addition, participants who reported greater variation of the sensation of hunger presented higher LPP for ultra-processed products preceded by green traffic-lights, with marginal effect to yellow. Taken together, the results suggest that ultra-processed products evoke strong emotional reactions that are associated with high concentrations of possibly additive unhealthy components such as sugars, fats and salt. Despite the high attractiveness of ultra-processed products, the colours of the nutrition traffic-light seem to be able to promote healthier food choices and to modulate the emotional reactivity towards these products. The red traffic-light seems to have overcome the influence of hunger on the emotional reactivity of ultraprocessed products, demonstrating the importance of its implementation. Nonetheless, the nutrition traffic-light might be incorrectly interpreted, being necessary familiarity and association of the colours with the risks for health. Furthermore, if the green traffic-light is interpreted as a salubrious marker, it may encourage the consumption of unhealthy foods, especially in individuals with poorer diet quality, since in many cultures the green color is associated with permission to go. Therefore, future studies should investigate possible negative impacts of the green traffic-light on consumers, in addition to analyze the isolated effect of other characteristics of this label (e.g. size and presence of descriptive texts), thus, public health sectors could implement the most appropriate nutrition label to combat the advance of NCDs.
Tesis Univ. Granada.
Programa Oficial de Doctorado en Psicología
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