Programas Sociais brasileiros e a desativação da esfera pública

Este artigo aborda o processo de implementação dos programas sociais de transferência condicionada de renda no Brasil nos anos das décadas de 1990 e 2000. Compreende-se que “fome” e “pobreza”, como condições vividas concretamente pelos trabalhadores empobrecidos, foram elevadas à categoria política, legitimando socialmente a implementação de programas de transferência condicionada de renda, tais como Bolsa Escola Nacional o Programa Bolsa Família. Este foi um processo mediado historicamente pelos sentidos sociais da solidariedade, tanto como expressão de ações coletivas e de reivindicações que pressionavam o Estado, quanto como valor de mobilização individual, desresponsabilizando o Estado das questões sociais. Evidencia-se como expectativas por mobilidade social foram historicamente mediadas a partir de certa desativação dos espaços públicos de reivindicação por Direitos Sociais em um processo que deslocou necessidades sociais e coletivas para dimensões de individualidade.