Alçamento Vocálico Sem Motivação Aparente: as vogais médias pretônicas no noroeste do estado de São Paulo

Este artigo investiga o fenômeno fonético-fonológico variável alçamento das vogais médias pretônicas em contexto medial na variedade falada no noroeste do estado de São Paulo, como em m[i]lhor e c[u]lega. Este trabalho discorre especificamente sobre o alçamento sem motivação aparente, ou seja, que não pode ser explicado por harmonização vocálica, engatilhado por uma vogal alta em sílaba subsequente, como em m[i]nino e g[u]rdu ra. Dessa forma, esta pesquisa avança em relação aos estudos de Silveira (2008), Carmo (2009, 2013, 2014, 2018) e Carmo e Tenani (2013) sobre o alçamento das vogais médias pretônicas mediais na mesma variedade. Com o aporte teórico-metodológico da Teoria da Variação e Mudança Linguística (LABOV, 2008), são utilizados, como corpus, 38 inquéritos com amostras de fala espontânea do banco de dados IBORUNA, resultado do projeto ALIP (GONÇALVES, 2007) – (Projeto ALIP – IBILCE/UNESP - FAPESP 03/08058). A análise quantitativa dos dados, por intermédio da utilização do pacote estatístico Goldvarb X, demonstra que o alçamento sem motivação aparente é pouco produtivo na variedade considerada, com índices de 5% e 10,3% para /e/ e /o/, respectivamente. De modo geral, verifica-se sua aplicação em paradigmas de determinados itens lexicais, o que corrobora a hipótese da difusão lexical para a explicação do processo (BISOL, 2009).