AJUSTE A VALOR PRESENTE DAS CONTAS A RECEBER DE CLIENTES: UMA ANÁLISE DAS TAXAS DE DESCONTO NA B3

Este artigo analisou as taxas de desconto utilizadas no ajuste a valor presente (AVP) das contas a receber de clientes em 214 companhias listadas na B3, nos exercícios de 2017, 2018 e 2019. O objetivo foi identificar as metodologias utilizadas na determinação das taxas de desconto, bem como investigar os fatores que mais influenciaram os percentuais médios divulgados, através dos testes não paramétricos da mediana e de Spearman. Os resultados mostraram que 71 companhias (33,2% da população) reconheceram o AVP em contas a receber de clientes, em um total de 213 ocorrências do ajuste (companhia x ano). Foram verificadas oito diferentes metodologias para a determinação das taxas de desconto, observadas em 115 das 213 ocorrências dos AVP (54%). O setor econômico foi o único fator que apresentou correlação estatisticamente significativa com os percentuais de desconto médios divulgados nos três exercícios analisados, ao nível de significância de 5%. O teste da mediana indicou que a diversidade de metodologias utilizadas na determinação das taxas de desconto não influenciou os percentuais médios aplicados nos diferentes setores econômicos (indústria, comércio e serviços), o que foi benéfico à comparabilidade das informações sobre os AVP. A não divulgação das metodologias utilizadas na determinação das taxas de desconto, ou, ao menos, dos percentuais médios aplicados nos ajustes, observada em 90 das 213 ocorrências dos AVP (42,3%), tornou a informação contábil-financeira não verificável nesses casos, comprometendo a garantia de fidedignidade.