Viabilidade de incorporação de resíduos de vidros industriais na produção de argamassas sustentáveis

A crescente procura por cimento enfrenta grandes desafios ambientais de forma a alcançar as metas para a neutralidade carbónica até 2050, sendo crucial a promoção da economia circular no setor. Uma forma de tentar mitigar esta problemática é através da utilização de resíduos na produção de materiais cimentícios, como é o caso dos betões e das argamassas. Recentemente, houve um impulso na utilização de pó de vidro em betões, especialmente com a publicação da norma ASTM C1866M-20. Neste âmbito, foi realizada uma pesquisa experimental de forma a investigar o potencial da incorporação de resíduos de vidro, numa primeira fase, em argamassas. Foram preparadas argamassas com substituição de 25% de cimento por cinzas volantes (CV) e por pó de vidro (POV), com um tamanho de partícula semelhante à do cimento, tendo em conta diferentes vidros, incluindo resíduo de vidro proveniente da indústria (VRI). Os resultados são promissores. Os ensaios mecânicos apontam para a viabilidade da substituição de cimento por 25% de pó de vidro sem perdas na resistência ou com perdas pouco significativas. Contudo, as argamasas com VRI precisam ser estudadas com menores percentagens de substituição. No que se refere à durabilidade, a resistência das argamasssa com POV aos cloretos é maior do que a resistência das argamassas com CV e significativamente maior do que a das argamassas de referência. O conjunto dos resultados aponta para a viabilidade da utilização destas argamasas sustentáveis, promovendo a circularidade e a sustentabilidade no setor. ; Os autores agradecem o apoio de fundos nacionais através da FCT (Fundação para a Ciência e Tecnologia) no âmbito do projeto com a referência 2022.03197.PTDC (https://doi.org/10.54499/2022.03197.PTDC, acessado em 16 de outubro de 2023), GlassCON, e do projeto Norte+Verde, integrado no Financiamento Plurianual do Laboratório de Paisagens, Património e Território (Lab2PT), Ref.ª UIDB/04509/2020, financiado por fundos nacionais (PIDDAC) através da FCT/MCTES. Agradecem ainda à Ba Glass Portugal, S, A ...