نبذة مختصرة : Superficialmente criticado e mal entendido por Joaquim José Rodrigues dc Brito e Silvestre Pinheiro Ferreira nos dois primeiros decénios do século XIX, Kant viria a conhecer acolhimento positivo, no mundo de língua portuguesa, nas lições que, no início dos anos 20 da mesma centúria, Diogo António Feijó proferiu no seminário de Itu, nos arredores de São Paulo, lições em que, no entanto, o futuro Regente do Império parecia confundir o criticismo com o inatismo cartesiano e, no plano ético, acolhia as doutrinas ontológicas tradicionais. Em Portugal, só no final da primeira metade da década de 40 de oitocentos, no pensamento filosófico-jurídico, de recorte individualista e liberal, de Vicente Ferrer Neto Paiva a filosofia kantiana encontrou algum eco, se bem que o lente conimbricense procurasse fundi-la ou harmonizá-la com a doutrina de Krause, conhecida indirectamente através dos seus discípulos belgas Ahrens e Tiberghien. Será apenas a partir de meados do séc. XIX que virá a registar-se uma clara mudança de atitude perante a filosofia de Kant. Se a atenta e ponderada consideração que o pensamento kantiano mereceu de Amorim Viana e Cunha Seixas foi ainda dominantemente crítica, já para a reflexão de Antero, Tobias Barreto e Ferreira Deusdado veio ele a constituir um elemento decisivo, quando não mesmo referência fundamental, para, no trânsito para o século XX, ser objecto da demorada e séria tentativa de refutação ou de superação levada a cabo por Raimundo Farias Brito.
No Comments.