O impacto da pandemia de Covid-19 na Guarda Nacional Republicana: uma análise do stress e estratégias de coping

Em março de 2020, o mundo sofreu uma reviravolta e, desde aí, tem-se enfrentado uma crise sem precedentes – a pandemia provocada pela COVID-19. De modo a conter a escalada do vírus, os países, de um modo geral, viram-se obrigados a estabelecer um conjunto de medidas e Portugal não foi exceção. Algumas destas diligências assentaram em sucessivos confinamentos e distanciamento social, obrigando a uma completa alteração das rotinas a que outrora se estava habituado. Apesar do encerramento de variadas organizações e instituições e de a maioria das pessoas se encontrarem em casa, em teletrabalho, houve profissões que nunca puderam parar e que estavam a combater a pandemia na linha da frente. Uma delas foi a Guarda Nacional Republicana. Foi neste cenário de distanciamento e, em alguns casos, de solidão, que se começou a falar e a dar cada vez mais importância à saúde mental. Assim, através deste estudo pretende-se refletir acerca do impacto que a pandemia teve no stress numa profissão de risco e sobre as estratégias utilizadas pelos militares da GNR para lidar com a situação, apurando a sua eficácia. Para concretizar a investigação, recorreu-se a uma metodologia quantitativa baseada num inquérito por questionário aos elementos da GNR, que contou com 383 respostas válidas. A análise dos dados incluiu análise descritiva, os testes paramétricos t de Student de amostras independentes e de amostras emparelhadas, ANOVA de uma via, análise das correlações de Pearson e análise de regressão linear múltipla. Os resultados indicaram que houve um aumento do stress, ansiedade e depressão na GNR durante a pandemia. No caso de stress, encontraram-se diferenças relativamente ao género (p=0,012), parentalidade (p=0,029), grau hierárquico (p=0,012) e medo de contrair COVID-19 (p<0,001). No que respeita às estratégias de coping, as mais utilizadas pelos militares foram baseadas no enfrentamento. Por outro lado, as estratégias menos eficazes foram “uso de substâncias”, “desinvestimento comportamental”, “expressão de sentimentos”, ...