A Masculinidade Hierárquica e a Homoafetividade em O Ateneu

O presente trabalho apresenta uma análise de O Ateneu (1888), obra de Raul Pompeia, cujas características memorialistas e de formação estão bem estabelecidas no romance, assim como uma possível catarse do próprio autor (ANDRADE, 1972). Aqui a análise foi feita por meio de uma leitura crítica com o intuito de avaliar e investigar, nas interações afetivas de Sérgio, o narrador-protagonista, sinais que possam indicar impulsos homoafetivos dele e dos personagens com quem se envolve, e como essas interações foram representadas na narrativa, respeitando as limitações da época, mas pondo o assunto em moldes atuais. Ressaltamos que, em momento algum, há uma confirmação explícita de que o protagonista, um garoto em processo de formação sexual e moral, é ou não homossexual. Então a análise parte dos discursos que podem ser vinculados à homossexualidade. O internato, sendo um espaço opressor, também será relevante aqui, atuando como um sistema podador na personalidade emocional dos personagens infantis. Para a abordagem do artigo, temos como pressupostos as teorias de Foucault (1984, 1985, 1988) sobre os mecanismos de poder, a abordagem psicanalítica freudiana (FREUD, 1972), o ensaio de Mário de Andrade (1972) sobre O Ateneu e a pesquisa sobre infância e sexualidade de Benedito Teixeira de Sousa (2016, 2017).