Avaliação da saúde emocional e comportamental nas crianças de 4 a 12 anos de idade atendidas nos cuidados de saúde primários no centro materno infantil de Bissau e de Bafatá, de janeiro a maio de 2021

Introdução: Em muitos países, e particularmente em África, os problemas de saúde mental são amplamente negligenciados e a sua dimensão pouco conhecida. Nas crianças, os problemas emocionais e comportamentais têm um impacto imediato no seu desenvolvimento e nas suas competências na escola e na comunidade, estando associados a patologias do foro da saúde mental na fase adulta. Conhecer os problemas emocionais e comportamentais nas crianças, assim como os fatores associados ao seu desenvolvimento poderá contribuir para estratégias que permitam intervenções precoces e organização da resposta dos serviços de saúde. Objetivo: Comparar os resultados das dificuldades emocionais e comportamentais obtidos com a escala da GB com aqueles que seriam obtidos usando os pontos de corte da África do Sul e do Reino Unido. Métodos: Estudo transversal. Participantes: crianças de 4 a 12 anos de idade, atendidas no Centro Materno Infantil de Bissau e de Bafatá, de janeiro a maio de 2021, recrutadas no momento das consultas. Os pais/cuidadores responderam, por entrevista face a face, ao questionário sobre as características sociodemográficas das crianças e das suas famílias, e ao questionário de dificuldades e capacidades (SDQ-versão pais) para avaliação de problemas emocionais e comportamentais nas crianças. Resultados: Das 300 crianças recrutadas, metade vivia em meio urbano, 132 (44%) eram do sexo feminino e 168 (56%) eram do sexo masculino, com medianas de idade de 7 e 8 anos respetivamente. As famílias com maior rendimento (19% vs. 4%; p<0,001) e com escolaridade média e superior (30% vs. 10%; p<0,001) residiam mais frequentemente em meio urbano. O valor das dificuldades do SDQ-total, com pontos de corte definidos para a Guiné-Bissau, não diferiu estatisticamente significativa entre meninos e meninas (14% vs. 7%; p>0,001). A utilização dos pontos de corte da África do Sul e do Reino Unido teria resultado num maior número de valores anormais. O nascimento prematuro, agregados monoparentais, famílias com rendimento mensal ...