نبذة مختصرة : O objetivo deste ensaio é a comparação dos procedimentos narrativos de Machado de Assis, na crônica O punhal de Martinha, e de Denis Diderot, em O sobrinho de Rameau, tendo por base as análises das obras feitas respectivamente por Roberto Schwarz e por Vladimir Safatle. De um lado, o narrador machadiano varia o tom entre o vaidoso cidadão cosmopolita do século XIX, bem informado sobre o que ocorre nos grandes centros do mundo civilizado, e o escritor nacionalista, condoído com a situação periférica da literatura do seu país. Jogando e invertendo as noções de local e universal ao ccomparar dois punhais, o ilustre da romana Lucrécia e o desconhecido punhal da brasileira Martinha, o narrador faz ver as arestas das ideologias que se queriam aplicadas sem mais na ex-colônia. Na outraponta, Diderot põe em cena o diálogo entre o filósofo ilustrado com tendência moralizante e o sobrinho de Rameau, figura sarcástica e amoral, que consegue mostrar o giro em falso dos argumentos arrolados pelo primeiro. Ao criar um falso embate entre a razão ilustrada e sua perversão, Diderot problematiza o momento, já no seu início, em que o Iluminismo depara-se com um processo dealteração de expectativas para mostrar a impossibilidade de efetivação dos valores pretensamente universais. Em ambos os casos o cinismo é o componente que encobre a crítica acirrada às impossibilidades de concretização dos ideais forjados para serem universais.
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