نبذة مختصرة : O processo de Bolonha, a implementação do sistema de créditos ECTS e a desejável mudança de paradigma de ensino-aprendizagem têm conduzido, nos últimos 15 anos, a mudanças nas instituições de ensino superior portuguesas que tiveram de adaptar os seus ciclos de estudos e adotar referenciais europeus e nacionais de qualidade na educação superior. Esta investigação procura, assim, compreender como é que na perceção de estudantes e docentes das áreas de ciências da saúde e de ciências sociais e humanas é feita a implementação do sistema de créditos ECTS. Este sistema é baseado na carga de trabalho que o/a estudante tem de dedicar para a conclusão do curso/ciclo de estudos. Ou seja, a unidade de crédito refere-se ao tempo que os/as estudantes necessitam para alcançarem os objetivos de determinado ciclo de estudos, definidos em termos de resultados de aprendizagem e competências. Neste processo de implementação, o modo como se articula a distribuição do tempo entre horas de contacto e de estudo autónomo e como é que essa articulação tem em conta as várias dimensões do desenvolvimento curricular (e.g., curriculum, métodos de ensino-aprendizagem, avaliação e resultados de aprendizagem), são cruciais para a prossecução das abordagens centradas no/a estudante. Assim, para explorar este processo de implementação utilizamos uma abordagem metodológica qualitativa. Recorremos à análise documental, a grupos de discussão focalizada com estudantes e entrevistas semiestruturadas com docentes. A análise dos dados foi feita a partir da análise temática, a qual nos permitiu identificar os temas que suportam a implementação do sistema de créditos ECTS, contribuindo para compreender como é que os/as diferentes participantes atribuem sentido às experiências que vivenciam em um determinado contexto. A análise dos resultados indica, por um lado, que a implementação do sistema de créditos ECTS em ciências da saúde e ciências sociais e humanas tem em consideração as dimensões do desenvolvimento curricular, por outro lado, que a gestão pedagógica das horas de contacto/estudo autónomo é um fator crucial para o alinhamento construtivo que promova o envolvimento dos/as estudantes no processo de aprendizagem seja de forma individual ou em interação social.
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