Anorexia nervosa na infância e na adolescência: percurso desde a identificação de sintomas até ao internamento. (Portuguese)

Anorexia nervosa in childhood and adolescence: from symptom identification to hospitalization. (English)

Introduction - The importance of early intervention in anorexia nervosa is widely recognized. The data available in the literature shows that a prolonged duration of untreated disease is associated with a worse prognosis and that the severity of the disease at the time of diagnosis is predictive of its outcome. Objectives - To study the time of untreated disease in a sample of children/adolescents who were hospitalized with the diagnosis of anorexia nervosa. Specifically, to clarify the path from the identification of first symptoms to hospitalization regarding follow-up consultations and their management, the performance of complementary diagnostic tests, the presence of comorbidities, and the duration of hospitalization. Methods - Once the informed consent to participate in this study was signed, we gathered information from clinical files and the hospital's clinical database regarding children and adolescents with the diagnosis of anorexia nervosa admitted to the child and adolescent psychiatry ward from January 2018 until December 2019. A descriptive statistical analysis of the sample was performed, trying to identify the course of action taken between the identification of symptoms and the search for consultation, the type of consultations to which the family resorted, the therapeutic plan implemented prior to hospitalization, and throughout the hospitalization. Finally, we tried to understand how several health professionals managed the follow-ups. Results/Discussion - In our sample (n=37), five cases had no contact with a health professional before hospitalization. Only 16 cases were referred to dietary/nutrition consultation and only 15 cases had a diet plan established prior to hospitalization. Of the 37 cases, only two were referred to a multidisciplinary team composed of pediatric, child, and adolescent psychiatrists, psychologists, and dietitians/nutritionists. Conclusion - In our sample, only a minority of cases were being followed by a multidisciplinary team prior to hospitalization. These data reinforce the need for better articulation between mental health services and other areas of intervention regarding eating disorders. [ABSTRACT FROM AUTHOR]

Introdução - É amplamente reconhecida a importância da intervenção precoce na anorexia nervosa. Os dados disponíveis na literatura evidenciam que uma duração prolongada de doença não tratada está associada a um pior prognóstico nas perturbações da alimentação e da ingestão e que a gravidade da doença à data do diagnóstico, é preditiva do seu outcome. Objetivos - Geral: estudar o tempo de doença não tratada, numa amostra de crianças/adolescentes que estiveram internados com o diagnóstico de anorexia nervosa. Específicos: descrever o percurso percorrido desde a identificação dos primeiros sintomas até ao internamento, nomeadamente no que respeita ao seguimento em consultas das diversas especialidades, à realização de exames complementares de diagnóstico, à presença de comorbilidades e às terapêuticas estabelecidas previamente ao internamento. Método - Após obtenção do consentimento informado para participação no estudo procedeu-se à consulta dos processos clínicos de uma amostra de crianças/adolescentes internados num serviço de pedopsiquiatria no período compreendido entre janeiro de 2018 e dezembro de 2019 (n=37). Para recolha dos dados foi utilizada uma grelha construída tendo em consideração os objetivos definidos. Foi realizada uma análise estatística univariada, procurando descrever as ações empreendidas no tempo de doença não tratada, os seguimentos e plano terapêutico prévios ao internamento, o tempo decorrido desde a identificação de sintomas até ao internamento e a sua duração. Por último, procurou-se compreender de que forma tinham sido articulados os seguimentos nas diferentes consultas. Resultados e Discussão - Os resultados mostraram que dos 37 casos que constituíram a amostra, em cinco não ocorrera qualquer contacto com um profissional de saúde até à data de internamento; apenas 16 casos estavam referenciados à consulta de dietética/nutrição e só 15 casos tinham um plano alimentar estabelecido previamente ao internamento. Apenas dois casos eram seguidos em equipa multidisciplinar constituída por pediatra, pedopsiquiatra, psicólogo e dietista/nutricionista. Conclusão - Na amostra apenas uma minoria dos casos estava a ser seguida por uma equipa multidisciplinar. Estes dados reforçam a necessidade de uma melhor articulação entre os serviços de saúde mental e as restantes áreas de intervenção nas perturbações da alimentação e da ingestão. [ABSTRACT FROM AUTHOR]

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