نبذة مختصرة : Desenvolvido no âmbito da unidade curricular - Iniciação à Prática Profissional do Mestrado em Ensino de História e Geografia, o presente trabalho emerge a partir da reflexão, sobre um conjunto de experiências, sustentadas num quadro teórico, sobre a pertinência da música no quadro do ensino e aprendizagem da História e da Geografia, particularmente na sua componente modeladora de experiências de aprendizagem. Música, emoções, sentimentos, aprendizagem e o nosso questionamento sobre como todos estes elementos, pensados holisticamente, podem incitar a emergência de significados outros a partir de conteúdos históricos e geográficos trabalhados pelos alunos. O nosso quadro teórico, que se inicia com um breve capítulo sobre a história da música, foi sendo construído tendo por base a perspetiva do músico e neurocientista Daniel Levitin (2007) sobre o fascínio humano pela música. Uma visão que une música e ciência e algumas considerações sobre a complexidade das relações do cérebro humano com a música. O autor oferece-nos uma teoria (aceitando, como faz questão de sublinhar, que possa um dia vir a ser substituída por uma nova verdade) que explica a relação existente entre a nossa estrutura cerebral e a estrutura musical; o significado da música e do prazer musical; e de como a música invoca em todos nós emoções, e sentimentos. Emergiu também ao longo da construção deste trabalho, a necessidade de atentar às informações que os avanços registados (sobretudo nos últimos anos), no âmbito das neurociências, nos têm revelado. Falar de emoções e tentar perceber as suas implicações nos sistemas cognitivos, implicava também fazer referência às conceções de António Damásio e às suas ideias que preconizam que os seres humanos tendem a relembrar mais facilmente acontecimentos que envolvam componentes emocionais; que as emoções adequadas, apressam e aceleram a tomada de decisões (Damásio, 1997); e que "os sentimentos colocam um carimbo nos mapas neurais, um carimbo em que se pode ler "Preste atenção"!" (Damásio, 2003, p. 204). Negligenciar as emoções evocadas com a música, no âmbito deste trabalho, significava em nossa opinião, perder a oportunidade de abordar uma questão que nos parece de importância fulcral no âmbito da educação, sobretudo se acolhermos as ideias do autor quando afirma que as emoções desempenham um papel central e fulcral, no condicionamento das decisões, da excelência do juízo e da própria inteligência (Damásio, 1997). Adveio posteriormente, a necessidade de uma pequena reflexão, sobre a noção de inteligência humana, ancorada no pensamento da teoria das inteligências múltiplas de Howard Gardner, que ao revelar a sua noção de inteligência humana, instituiu um decisivo afastamento das conceções tradicionalistas, indicando que a inteligência implica, para além da capacidade de resolução de problemas, a capacidade de criar produtos importantes num determinado contexto cultural ou determinada comunidade (Gardner, 1998). Refutando a visão unitária de inteligência, Gardner apresenta-nos uma visão de inteligência mais abrangente, que engloba sete inteligências (musical, cinestésica, lógico-matemática, linguística, espacial, interpessoal e intrapessoal), contendo implicações que abrem novas possibilidades em educação, e alternativas a todos os que estão envolvidos com as práticas educacionais. A consciência sobre a necessidade de descrever o quadro concetual, que orientou a nossa experiência, impulsionou por fim o entrelaçar de algumas considerações sobre a ideia do professor reflexivo, que pensa, reflete e interroga-se sobre a sua prática e ação, contribuindo deste modo, para o seu desenvolvimento profissional e pessoal. Dito isto resta-nos acrescentar que, lançamo-nos neste desafio, tentando perceber e verificar se a música, (considerada de forma ampla e englobando também a canção) em contexto de sala de aula poderia conduzir, ou não, ao despertar de uma aprendizagem significativa. Abraçamos ainda, num esforço de clarificação da questão principal, um outro conjunto de questões como: i) a música contribui para a modelação das perceções afetivas e atitudes dos alunos, em contexto de sala de aula; ii) qual o contributo desempenhado pela música, em contexto de sala de aula; iii) quais as opiniões dos alunos, sobre a utilização da música, nas aulas de História e Geografia? Recorremos, para o efeito, à recolha de dados e informação, através de um inquérito por questionário, escala de diferencial semântico e um inventário de sensações, objetivando-se uma melhor apreciação das opiniões dos alunos, sobre a utilização da música em contexto de sala de aula. O tratamento estatístico, essencialmente descritivo, a análise de conteúdo das informações recolhidas, e as nossas considerações sobre as perceções da realidade dos ambientes de sala de aula que vivenciamos, possibilitou-nos o encontro de algumas respostas à luz dos objetivos deste estudo, que sugerem que a música oferece múltiplas potencialidades ao processo, nomeadamente enquanto recurso inovador e diferente, enquanto elemento despoletador do interesse e atenção dos alunos, sendo que, e a par estes reconheceram que a música contribuiu significativamente para a facilitação das suas aprendizagens. [ABSTRACT FROM AUTHOR]
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